Não tire meus pés do chão

" Mas nem sempre é necessário tornar-se forte.

Temos que respeiar nossas fraquezas.

Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza

legítima à qual temos direito.

Elas correm devagar e quando passam pelos

lábios sente-se aquele gosto pouco salgado,

produto de nossa DOR mais profunda."

Clarice Lispector

Durante quatro meses e 12 dias o texto acima me perseguiu. Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a unica solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumado com ela, acaba por esquecê-la. Sinto que chegou ao fim.

Nessa nova fase, a vida não para, e nem pode parar. Procurar ocupar a cabeça, fazer amigos, divertir-se, festar é a melhor solução. Mesmo que tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientizarão resolvesse o assunto.

 Por que não viver novas experiências!? Mesmo que as pessoas já não são tão sinceras como antes, e me pergunto: será que já foram? E é nesse ponto e por esse ponto que eu digo: palavras são só palavras, só começam a valer quando comprovadas .

Na verdade eu não preciso de muita coisa, eu quero mais que palavras, eu quero atitudes sinceras. Se não forem pra me fazer emoções verdadeiras, por favor, não tire meus pés do chão com a única intenção de momentos, de coisas passageiras.